Sempre fui uma alma curiosa e apaixonada pela aprendizagem. Desde jovem, que senti uma vontade profunda de entender o mundo ao meu redor. No entanto, havia um desafio que enfrentei desde cedo - a escola. Para mim, a sala de aula sempre me pareceu uma gaiola que limitava a minha sede de conhecimento.
Quando comecei a trabalhar como professora de apoio ao estudo, percebi que a minha castrante experiência escolar não era única. Mais de 20 anos passados e o sistema educativo não tinha mudado nada e, as crianças continuavam a sentir exatamente o mesmo que eu sentia sentada na carteira, olhando para o professor a expor a matéria.
No entanto, durante o tempo que trabalhei a ajudar crianças a fazer os trabalhos de casa e estudar para testes, rendi-me a estes seres maravilhosos que são os filhos de todos nós, pelo seu esforço, persistência, resiliência e coragem… sim, é preciso serem muito corajosos, não é nada fácil ser uma criança do séc. XXI e aprender num sistema que nasceu na revolução industrial e pouco evoluiu. Se pensarem bem a coisa não bate certo!
Muitas crianças estudam mais horas do que um adulto trabalha por dia, mesmo assim alguns pais acham que elas estudam pouco e alguns professores até escrevem a vermelho nos testes “precisas de estudar mais” ou “tens que estar mais atento nas aulas”, pessoalmente detesto testes corrigidos a vermelho e, na minha opinião, em primeiro lugar, qualquer professor deveria perguntar-se “o que estou a fazer de errado para que este aluno não aprenda?” ou “o que se passará com este aluno para ele não conseguir aprender?”, há tantas perguntas que um adulto que se diz professor deve fazer antes de riscar e escrever um teste a vermelho, esta atitude mais do que mostrar que uma criança não estuda, mostra que tipo de professor a ensina.
Ao longo destes intensos 14 anos, houve um grupo de crianças incrivelmente inteligentes e criativas, mas frequentemente ainda mais incompreendidas e em muitos casos excluídas, por quem me apaixonei, essas são as crianças com dislexia.
Movida por essa paixão e pelo desejo de fazer a diferença, mergulhei profundamente no estudo da dislexia. Descobri que, embora estas crianças tivessem dificuldades em certas áreas, elas brilhavam em outras de maneiras excecionais.
A dislexia não é um obstáculo, é sim, uma fonte de singularidade e potencial.
Com o coração cheio de esperança, amor e dedicação, tornei-me uma defensora apaixonada de uma educação inclusiva, que abraçasse a diversidade e valorizasse as habilidades das crianças disléxicas.
Durante a minha jornada, encontrei maneiras inovadoras de ensinar e motivar. Criei materiais que facilitam a aprendizagem, por querer muito nutrir a confiança e autoestima das crianças disléxicas e ajudá-las a florescer.
Sonho com o dia em que as salas de aula se transformem em espaços de empoderamento e descoberta, onde cada criança se sinta valorizada e compreendida.
O meu propósito é inspirar professores e pais, a olharem além das dificuldades e a enxergar as centelhas de genialidade em cada criança.
Comments